sexta-feira, 11 de março de 2016

Por que a chuva castiga tanto São Paulo?

Todo ano São Paulo é castigada pela chuva, seja pela falta ou pelo excesso. É triste ver essas situações se repetirem sem solução. 

Hoje fui questionada sobre o motivo desses problemas e refleti sobre o tema (infelizmente as vezes se torna tão comum e habitual que nós nem questionamos mais) e comecei a pensar desde quando enfrentamos esses transtornos. Sabe o que é pior, a conclusão que eu cheguei é que faz muito tempo que isso acontece. 
Segue abaixo minha opinião sobre o tema:

Em primeiro lugar um dos grandes problemas de São Paulo é a falta de planejamento. Isso gera trânsito, enchente, falta de moradia, falta de mobilidade, entre outras coisas. São Paulo é uma cidade que foi sendo pensada conforme foi crescendo, e isso é um absurdo se pensarmos na dimensão que ela tem hoje.

Outro ponto importante; a cidade para quem não sabe é cortada por diversos rios e córregos, mas pela construção desordenada, muitos deles foram soterrados e canalizados, ou seja, por baixo de muitas ruas e avenidas passam grandes volumes de água que quando não tem para onde escoar enchem as ruas, é só observarmos o que acontece nas regiões perto de córregos e canais. 

Uma frase de Bertold Brecht explica muito bem essas situação: " Do rio que tudo arrasta se diz violento, mas não se  diz violenta as margens que o comprimem."

A força da natureza sempre vai se fazer presente. São Paulo tem muito concreto e pouco verde. Isso é um fato. 

A população também tem sua parcela de culpa. Como na foto que que vemos, infelizmente há muito lixo pelas ruas. As galerias subterrâneas (famosas boca de lobo) geralmente estão cheias de lixo e entupidas, o local que seria um dos pontos de vazão para a água da chuva, acaba sendo mais um agravante na enchente. 

E aí tem aquela parte dos políticos. Desde que eu era criança eu lembro das promessas de campanha para acabar com as enchentes. Imagino quanto dinheiro de obras já não foi desviado para o bolso de nossos ilustres representantes. A obra mais importante contra enchente que eu me lembro foram os piscinões, que se eu não me engano foram construídos na gestão Maluf (ele rouba, mas ele faz) e pelo que eu saiba o principal piscinão foi construído na regiões do Pacaembu (região que podemos considerar nobre). Houve a construção de outros piscinões, por outros prefeitos, em que também deveter havido muito desvio de verbas. Ah também tem as infindáveis obras nas Marginais. Também me lembro do alargamento e aprofundamento do Rio Tiête, que parece não ter feito muita diferença. 

E aí temos os desabamentos onde temos o maior número de vítimas. Percebem que os desabamentos geralmente acontecem na região da Grande São Paulo ou nas periferias. Isso me leva a crer que o problema habitacional (que faz parte da política também) contribui para gerar catástrofes. Regiões como Mairiporã, Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato, entre algumas das que foram atingidas pelas forte chuvas, são regiões habitadas por pessoas mais pobres. Além de serem regiões de encostas e perto de matas o que contribui para os deslizamentos. Nessas regiões muitas pessoas são responsáveis por construir suas próprias casas, ou seja, em sua maioria não há estudo de topografia, engenharia e tudo o mais. Muitas vezes as casas já são construídas em região de risco. Mas e daí, a culpa é dos moradores? Não exatamente, mas eles assumem o risco. Claro que se houvesse um projeto urbano, um projeto de moradias decentes e o dinheiro destinado a isso não fosse desviado, grande parte dessas tragédias poderiam ser evitadas. 


Um comentário:

  1. Simplismente discorreu com naturalidade, os fatos empíricos das situações e das agravantes provocadas pelas chuvas torrenciais na nossa terra da garoa,...antes fosse tão somente GAROA.
    Parabéns Denise..observado ponto a ponto todas as questões que envolvem esse drama. Simplesmente esclarecedor e com grande pitada de provocação à classe política que em hipótese alguma pode se redimir de taisfatos, pois tem lá suas parcelas de culpa na situação.
    Grande texto...Grande excepcional trabalho...Parabéns.


    Jota Palmeira

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