segunda-feira, 31 de maio de 2010

Paulicéia


Sou nascida e criada em São Paulo, já morei em outros lugares, mas sempre acabo voltando. Afinal foi aqui que passei grande parte da minha vida e por pior que seja, eu adoro essa cidade. Mas tenho algumas objeçõs a fazer.

Para uma cidade do tamanho de São Paulo, o transporte público é precário. Não sei se adianta fazer corredor de ônibus ou rodízio, o certo seria investir em mais linhas de metrô. Acho uma grande bobagem gastar dinheiro construindo estações super modernas, com trens que não se dividem em vários carros, com televisão e wi-fi. Seria muito melhor investir esse dinheiro na expansão do metrô e acho que ninguém se importaria de andar em vagões e estações mais modestas, se pelo menos elas pudessem chegar a mais lugares através do transporte público. De que adianta televisão no metrô, se as pessoas estão mais interessadas em compartilhar a música que estão ouvindo no celular com os demais passageiros. E wi-fi então, só se for para o uso de alguns empresários estrangeiros que terão coragem de tirar seu Laptop da bolsa para trabalhar enquanto viajam de metrô, isto é, se eles conseguirem se concentrar no trabalho com o Rap ou o Pagode rolando no banco ao lado. Porque sinceramente, a maioria dos usuários de metrô no Brasil não andam carregando seus notebooks pra todo lado e os que andam tem medo de expo-los e perde-los assim que deixarem a segurança da estação. Agora imaginem quando os computadores portáteis se tornarem populares como celulares, com acesso a internet de alta velocidade nos metrôs, viajar de por esse meio pela cidade vai ser praticamente uma experiência áudio visual interativa.

E o que dizer da Virada Cultural, outro grande desperdício de dinheiro. Gasta-se R$8 milhões para promover um evento, que só finge ser o que deveria. Ou vocês acham que por causa dessas 24 horas de atividades o centro vai ser revitalizado? Ou dizer que o evento visa promover a cultura, se nos principais palcos só tocam artistas já consagrados. Se o evento seguisse os moldes de seu inspirador que surgiu na França, investiria mais em novos artistas, criando locais para o desenvolvimento dos memosl. Vamos então repensar um pouquinho, o dinheiro destinado a cultura não chega perto dos R$ 8 milhões gastos do dia para noite (literalmente), não devia então esse dinheiro se usado fazer as duas coisas a que o evento se propõe, revitalizar o centro e promover a cultura, mas de forma consciente e duradoura. Como por exemplo restaurar alguns prédios e locais decadentes do nosso belo centro da cidade e nesses locais abrir espaços para o desenvolvimento de artistas, que uma vez por ano promoveriam uma virada cultural para a divulgação do trabalho de um bando de artistas legais e muitas vezes desconhecidos do público. E aí também só frequentariam os espaços quem realmente se interessa por arte e cultura, e não uma multidão que só tá afim de baderna e aproveita esses eventos pra ir ver de graça as bandinhas da moda. Eu por exemplo não sairia da minha casa, pra ficar no frio e algumas vezes até na chuva, pra ver o show da Pitty ou do já decadente Titãs, e ainda correr o risco de levar uma facada.

Não é questão de elitizar o evento, mas de atrair somente quem realmente está interessado. E assim nos livraríamos dos micos da prefeitura pagar por um show do Abba e receber um grupo cover. Dinheiro jogado fora. E também pouparíamos nossa amada cidade dos montes de lixo que se formam pelas ruas depois desses eventos. De que adianta investir em cultura se a população não tem nem educação.

São Paulo não deve em nada para as grandes metrópoles do mundo, mas a administração municipal infelizmente, deve muito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja o primeiro a comentar